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Da posse à portabilidade

TECNOLOGIA

Entenda como as plataformas de streaming estão mudando o consumo de música

 

Nathalia Pádua

 

   Desde o início dos anos 2000, a indústria fonográfica brasileira é afetada pela pirataria. No entanto, a entrada das plataformas de streaming de música no país está mudando esse panorama. De acordo com um levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), de janeiro a abril de 2015, a venda digital de música superou pela primeira vez a venda de discos físicos no Brasil - sendo que 51% dessa receita vem de serviços de música on demand.

   Diferente do download, o streaming permite que os usuários ouçam música online sem precisar guardar arquivos mp3 no computador - possibilitando assim que uma faixa seja ouvida enquanto é baixada. Para Rafael Achutti, CEO do Bananas Music Branding, primeira empresa brasileira a fazer curadoria musical dentro destas plataformas, a tecnologia não é novidade no país “Se considerarmos o Youtube, os brasileiros já estão acostumados a ouvir música via streaming há muito tempo. O que mudou o consumo de música por aqui foi a entrada da dinâmica de plataformas musicais no mercado digital”, ressalta.

   O custo benefício do serviço é o principal motivo que tem levado os brasileiros a assinarem os aplicativos de streaming de música. Enquanto um disco físico ou digital custa por volta de R$30, plataformas como Rdio, Deezer e Spotify custam em média R$15 mensais e possuem acervos digitais com mais de 30 milhões de faixas. Clarissa Wolff, gerente de social media do Deezer no Brasil, acredita que o brasileiro está finalmente começando a entender o valor da música. “Aqui a gente é acostumado à pirataria e ao acesso a todo o tipo de arte de graça. No começo, ninguém queria pagar pelo serviço. Hoje, os usuários compreendem que vale a pena pagar por um conteúdo legal” acrescenta.

 

Mudança de consumo de música

   

   Além de combater a pirataria, o streaming também está mudando a forma como os fãs se relacionam com a música. Nos aplicativos não é possível salvar faixas, nem mesmo utilizá-las como despertador do celular, por exemplo. “Hoje a música deixou de ser produto de consumo para se tornar portabilidade. Uma mudança de paradigma importante, pois o que antes era posse agora é acesso”, comenta Yuri Almeida, brand content do Rdio no Brasil.

   Outro fator que está mudando o consumo de música é a cultura que essas  plataformas estão criando em volta das playlists, dando prioridade para as seleções de músicas e deixando de lado os álbuns. “Isso faz com que as pessoas consumam músicas de diversos gêneros. Não existe mais aquela coisa xiita de só consumir um estilo musical, hoje se ouve muito mais música de acordo com o humor ou determinado momento do dia ou situação”, explica Achutti. Prova disto é que segundo o Spotify, as playlists para focar no trabalho e malhar são as mais ouvidas no aplicativo, junto com os tops hits do momento.

   Como o aplicativo depende da internet móvel, a qualidade do sinal de celular pode ser um problema na hora de ouvir as músicas. Para isso, os serviços do gênero fornecem alternativas para assinantes, podendo salvar as músicas e ouvir no celular mesmo quando o sinal não estiver presente. Hoje, aproximadamente 80% dos usuários de streaming no Brasil usam a versão free das plataformas. “Grande parte da classe média brasileira possui smartphones com plano pré-pago, isso faz com que ouvir música on demand consuma muitos dados. No momento em que as operadoras fizerem planos de dados mais acessíveis, o Brasil tem potencial para estar entre os maiores consumidores de música digital do mundo”, comenta Achutti.

 

Um novo formato de mídia publicitária

 

   Como apenas 20% dos usuários de streaming no Brasil são assinantes, as plataformas buscam se sustentar através de investidores. Grandes empresas como Gillette, Sensodyne e Philips já fazem parte desse universo. Clarissa explicou o que faz essas corporações procurarem o Deezer: “Música é a forma de arte mais orgânica que existe. Então é natural que ela tenha o poder de conectar pessoas. E, atualmente, isso é o mais importante para as marcas: conexão, relacionamento, identificação”.

   Nesse sentido, as marcas encontraram no streaming de música um novo formato de mídia publicitário. Associando momentos do dia do seu público alvo à playlists que remetem a seus produtos, as marcas conseguem criar essa identidade musical junto aos seus consumidores. No entanto, Achutti revelou que o trabalho não é simples: “Para manter que os consumidores entrem em contato com a marca, as playlists precisam oferecer um conteúdo relevante e atualizado, do contrário as pessoas irão procurar outras seleções de música”.

Plataforma digital invade a comunicação

YouTube se apresenta como uma das novas formas de produzir conteúdo

 

Thiago Silva

 

      Em 2005, Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim fundaram um pequeno site, chamado YouTube, destinado a conteúdos rápidos em forma de vídeo digital. O objetivo era torná-lo um eliminador de barreiras técnicas para maior compartilhamento nas redes. Hoje, impactado pelo boom de canais e personagens, deixou de ser uma fonte de instantaneidade para se tornar uma nova plataforma de comunicação na internet.

    Com o passar dos anos, o site ganhou qualidade, novos elementos e profissionalismo. Regras foram criadas para regular o que os internautas podem, ou não, postar. Vídeos de mortes e pornográficos hoje são proibidos. As músicas, antes livremente utilizadas, foram regulamentadas para que não fossem compartilhadas de maneira ilegal. Direitos autorais, agora, são cobrados. Também ganhou espaço no mercado de trabalho. Nele, é possível gravar, editar, hospedar e compartilhar conteúdo conforme a preferência. Conta com os mais diversos tipos de canais, como os de música, comédia, games, gastronomia, entrevistas, entre tantos outros.

    O jornalista Francisco Rezende, 30, tem mais de 200 mil inscritos no canal que leva seu nome, onde apresenta diversas esquetes sobre vários temas. “O bom do YouTube é que existe a possibilidade de passar a sua mensagem para milhares de pessoas. Acho que entretenimento sempre ajuda quem está assistindo, nem que seja apenas para ela fugir da realidade que vive.” diz Rezende. Apesar de enfatizar a importância do meio, ele assume que atualmente há outras possibilidades comunicativas. “A interação do Twitter e a facilidade do Snapchat podem superar ele, mas a mensagem acaba sendo passada de forma mais fragmentada. No YouTube é mais fácil de construir uma mensagem para o público”.

 

Explosão do YouTube

 

   O ápice do sucesso do YouTube chegou em 2006, quando o Google o comprou por 1,65 bilhão de dólares. Hoje, mais de um bilhão de pessoas assistem vídeos por mês na plataforma. O número de horas a cada trinta dias assistidos chega a aproximadamente seis bilhões, o que totaliza quase uma hora para cada pessoa do planeta.

   Em um primeiro momento, se julgou que o Youtube fosse apenas um hospedeiro para conteúdos amadores e imagens de animais. Com o passar dos anos, adquiriu profissionalismo. No entanto, foi justamente a maneira descompromissada do site trouxe a popularidade desejada por seus criadores. Ele desempenha uma função técnica para os produtores de vídeo, atrai a atenção para os criações alternativas e oferece uma participação em dinheiro nas vendas de anúncios. Atualmente, diversos canais se profissionalizaram e ganharam destaque. Um deles é o Porta dos Fundos, que tem como ideia a criação de vídeos virais para a internet. O grupo chegou a ser levado à televisão, tamanho o sucesso adquirido com suas esquetes satíricas.

   O contabilista Murilo Cervi tem mais de 1 milhão de inscritos no canal Muça Muriçoca e já soma 112 milhões de visualizações nas suas produções. Para ele, a plataforma é uma maneira de construir, trocar ideias e experiências. “O YouTube é fundamental na minha vida. Ser convidado por marcas e eventos é extremamente gratificante, pois através deles consigo remunerações para dar continuidade e crescer de maneira profissional”, reconhece.

 

Novas formas de produzir jornalismo

 

   O YouTube também pode ser um terreno jornalístico. Uma reportagem com inovações, interação e liberdade criativa pode ser hospedadas em qualquer canal. O essencial, porém, é construir uma identidade para trazer credibilidade ao material produzido. Todo vídeo - seja filmado com a câmera do celular, sentado à frente do computador ou com equipamento profissional - passa ao espectador uma informação, uma novidade ou uma opinião. Rezende acredita que é importante encontrar a “sua” forma de se comunicar com o público: “O que mais prende a atenção é a forma rápida da edição, cortes, imagens, mudança a cada 5 segundos. Isso chama mais atenção do que um vídeo longo”, afirma. Já para Muça Muriçoca, a questão essencial é quanto à linguagem. “Sempre estou disposto a aprender e diariamente surgem novas formas de se comunicar, sejam termos, gírias, etc. Preciso estar antenado para não ficar pra trás e conseguir manter sintonia com meu público”, sustenta.

   Um dos canais que mais chama a atenção nesse formato é o Cadê a Chave. Iniciou como um dia a dia do casal, Nilce Moretto e Leon, mas tornou-se um canal de grande conteúdo histórico e relevante. Um dos vídeos que mais se enquadra nesse fenômeno é o episódio 439 chamado A Casa do Terror sobre Auschiwitz,  que mostra uma visita deles ao local. Além de imagens impressionantes, o local por si só já conta uma história, que é aprofundada por Leon com conhecimento sobre o tema.  

 

 

 

   

    A partir de uma nova forma de interação entre os usuários, surge o conceito de primeira e segunda tela. Ele é baseado na complementação das redes sociais e da mídia televisiva. A primeira tela é o que assistimos, a exibição propriamente dita. Já a segunda é um recurso adicional onde os internautas que estão vendo o mesmo programa interagem entre si. Segundo pesquisas da multinacional Millward Brown, o YouTube ganhou o espaço da televisão e trabalha também como primeira tela.

   Ainda assim, existem discussões sobre o poder que as novas mídias têm sobre o jornalismo. O papel do jornalista ainda é importante para filtrar a informação, contudo, falar sobre temas tabus de uma forma mais “leve” também está a cargo dos youtubers. Chico Rezende, do canal homônimo, acredita que teremos bons jornalistas na internet no futuro, mas é necessário mensurar a credibilidade da notícia sem uma grande corporação por trás. “A internet está só começando. Apesar de muitas dúvidas sobre onde estaremos daqui a alguns anos uma coisa é certa: o futuro está aqui na internet”, finaliza.

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EXPEDIENTE

 

Edição: Douglas Lacerda, Giovane Gonçalves Santayana, Luiza Fonseca e Karoline Leandro Santos

Projeto Gráfico: Camille Rocha, Julia Lazaretti dos Santos e Lauriane de Castro Belmonte

Supervisão: Almir Penha de Freitas e Juan de Moraes Domingues

Reportagens: Aline da Silva Possaura, Felipe Silva Menezes, Maria Karolina Soares de Souza, Tamiris Alana Candido de Souza, Cassia Marques Martins, Elisa de Souza Pegoraro, Marina Castaldelli Spim, Rafaela Santos de Souza, Anderson Fonseca dos Reis, Laís Maria Escher, Letícia Bay de Almeida, Pedro Henrique Abdala Pinheiro, Lucas Lagni Cancello, Matheus Beling D'Avila, Pedro Zandomeneghi, Viviane Farias Helm, Marcos Antônio Júnior, Maicon Hinrichsen Baptista, Aline da Silva Possaura, André Taquari, Nunes Fagundes, Raquel Baracho de Borges, Ana Paula Silva de Abreu, Carolina Estivalet Zorzetto, Nathalye Lucas Miranda, Gisele de Lourdes Pereira, Isabella Ferreira Pereira, Nathalia Gaieski, Carolline Viana Bernardes, Cristina Fragata dos Santos, Eniederson Farezin Miranda, Sthefanie Floriano Bernardes, Bruna Reis, Gabriela Giacomini Pinto, Nathalia Hamme Pádua, Thiago Silva de Oliveira, Victória Citton

 

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