
ECONOMIA
Por qual caminho seguir?

Visitantes tornam-se nativos em modalidade pioneira na capital
Pedro Zandomeneghi
O setor de turismo cresce cada vez mais no Brasil e no mundo. Recordes são batidos com um registro adicional de 52 milhões de pessoas viajando pelo globo, segundo a Organização Mundial do Turismo. Com isso, muitas portas abrem-se tanto no campo dos negócios quanto para os viajantes.
Com tantas pessoas em idas e vindas ao redor do mundo, o perfil dos turistas também mudou. Os viajantes não querem apenas conhecer os principais pontos turísticos. Eles desejam ir mais a fundo, vivenciar experiências diferenciadas e mergulhar na cultura local. Chegar em Florença e ter uma aula de degustação de vinho; conhecer na prática a arte da capoeira, em Salvador; realizar um verdadeiro tour gastronômico pelo centro de São Paulo; ou, até aprender a afiar facas com um legítimo gaúcho. Essas são algumas das infinitas possibilidades de incrementar os roteiros turísticos, além de voltar com uma bagagem cultural maior e mais profunda.
É exatamente esta a proposta do “Turismo Criativo”, tendência que já é comum no Exterior, em países como Estados Unidos, França e Tailândia, e começa a despontar aqui no Brasil. Baseado em um programa inovador que visa oferecer aos turistas oficinas e interação com a cultura viva da cidade e as tradições do povo gaúcho, Porto Alegre é a pioneira do Turismo Criativo. O primeiro do gênero organizado no Brasil e que oferece aos visitantes experiências de aprendizagem novas e singulares, de conteúdo local vinculado ao universo da cultura, da tradição, das artes e do ambiente efervescente da metrópole que é o portão de entrada da cultura gaúcha.
É o exemplo da Oficina Criativa que ocorreu no The Best Jump, em 22 de outubro, na Sociedade Hípica Porto Alegrense, Zona Sul: “O som de uma faca sendo afiada parece ter despertado a memória ancestral e o imaginário dos presentes. Pode parecer exagero, mas é o que acontece durante as oficinas”, conforme diz o cuteleiro Leandro Riva, professor convidado pela Secretaria Municipal de Turismo de Porto Alegre e que ensina aos alunos inscritos a técnica de afiação de facas em pedras de afiar. Seja da mais áspera e comum, àquelas que permitem o refinamento da afiação das lâminas. Bastou começar a exposição das facas que Milton João Agnes, 33 anos e técnico em T.I. se aproximou. Com curiosidade e a convite do cuteleiro Leandro, ele decidiu experimentar. Logo, o som que é produzido da faca sobre a pedra começou a atrair mais gente. “Fiquei curioso, porque costumo afiar minhas facas na pedra e não fica muito bom, agora aprendi uma técnica nova em que o fio fica muito melhor”, garantiu Agnes.
Como Funciona?
Quem quer propor qualquer tipo de atividade relacionada ao Turismo Criativo precisa ir no site: www.portoalegrecriativa.info e preencher o formulário que consta na aba “propor atividade”. Após aprovada, a atividade estará exposta no site para a escolha de quem se interessar.
Depois de escolher as oficinas e atividades que deseja realizar, as datas e horários, é só fazer contato diretamente com os realizadores das oficinas e atividades, por e-mail ou telefone, para agendar a participação. Rápido e simples.
O servidor da Secretaria de Cultura da capital, Augusto Constantino, também acompanha tudo, já que ele é o responsável pelas atualizações dos programas e publicações de matérias no site Porto Alegre Criativa:
“Esta nova modalidade de turismo faz parte de várias estratégias da secretaria para tentar fortalecer o setor. São linhas diferentes daquelas tradicionais referentes às viagens de lazer. O turismo criativo é composto de vivências, interagindo com a população local. É baseado emee proporcionar que os visitantes tenham novas experiências de aprendizagem, cursos, workshops e outras atividades como tivemos nos últimos dois anos de uma forma bem sucedida. Um bom exemplo foi o realizado dentro do Acampamento Farroupilha, com atividades focadas para o tradicionalismo gaúcho e que contou com a participação tanto de turistas, como de gaúchos interessados em aprender um pouco mais sobre a própria cultura“, afirmou Constantino.
Aos poucos essa nova modalidade vai tomando forma, apesar de ainda estar na etapa da “invenção da roda”, como o próprio Constantino se refere. Segundo ele, ainda não há a possibilidade de fazer uma ação mais forte em todas as áreas. “Mas o que é notório é que há um apelo bastante forte na questão do tradicionalismo gaúcho, pois é diferente, típica da cidade e do Estado e diz respeito ao nosso folclore”, completa o servidor público. Aparentemente é isto o que as pessoas querem ver, as coisas únicas de um lugar, as suas singularidades e costumes. E agora, isto está disponível para qualquer turista, aqui na capital.
Mercado pet ignora crise e segue crescendo

Setor projeta crescimento de 7,4% para 2015, com lucros ultrapassando a casa dos
R$ 18 bilhões
Matheus D'Avila
Em junho deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa revelando que, no Brasil, a quantidade de cachorros de estimação já supera a de crianças até 14 anos. Os dados, obtidos em 2013, mostram que, enquanto existem 52,2 milhões de cães em domicílios do país, as crianças não passam dos 50 milhões. Isso sem contar o número de gatos, que ultrapassa os 22 milhões. Os números servem para refletir o tamanho do carinho que os brasileiros têm pelos “bichinhos” e do mercado pet, que vai no embalo desta paixão.
Enquanto o setor automobilístico apresenta seus piores números desde 2003, o segmento pet espera crescer 7,4% - pequena desaceleração comparando aos 8,2% do último ano. Se em 2014 o setor movimentou R$ 16,4 bilhões, a expectativa da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) é que em 2015 seja ultrapassada a marca de R$ 18 bilhões. O momento de instabilidade econômica que o país atravessa definitivamente não preocupa os especialistas. A consultora Kika Menezes afirma que o mercado nacional está em ebulição: “Tem gente do mundo inteiro de olho no Brasil. O grau de confiança do investidor é muito grande”.
Se o Brasil é “apenas” a 7ª maior economia no planeta, no setor pet, segundo dados da Abinpet, o país já é 2º maior mercado do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. Não é por acaso que a área vem atraindo tantos investidores. A Mars, líder nacional no segmento de rações, já está em fase adiantada para ampliar sua produção nacional em 35%. Outras grandes empresas – como a Nestlé Purina – têm planos semelhantes.
Mas nem só de grandes empresas vive o mercado nacional. Segundo informações da Comissão de Animais de Companhia do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Comac/Sindan), 93% do segmento veterinário está diluído entre pequenos e médios empresários. O especialista em Varejo do Comac/Sindan, André Prazeres, acredita que a procura esteja crescendo mais rápido do que a oferta: “Isso resulta em alguns profissionais despreparados. O empresário tem que se especializar, tem que entender de gestão”.
Um mercado tão forte e em franca expansão é a oportunidade perfeita para quem quer investir em algo diferente. Pensando nisso, as amigas Andreia Tripovichy e Alexandra Turella resolveram inovar. Formadas em administração e apaixonadas por cães, as duas já conversavam sobre empreendedorismo quando, em 2013, Andreia enfrentou problemas de maus tratos com um de seus filhotes. Da insatisfação veio a ideia de investir em um serviço diferenciado. Em meados de 2014, as sócias abriram a Luxury Spa Boutique. “A gente buscou inspiração de fora. Em Porto Alegre não tinha nenhuma. A gente viu algumas em São Paulo, mas nenhuma que chegasse a nos inspirar. Então, o conceito a gente trouxe de fora”, conta Andréia.
Além dos serviços tradicionais de banho e tosa, a Luxury oferece serviços de Spa (com direito a ofurô para cães) e creche (lazer e recreação), além de uma boutique com artigos de luxo. Também está em processo de implantação o serviço de atendimento clínico e veterinário. O sucesso, apesar de recente, já rendeu pedidos de abertura de franquias: “A gente ainda não pensa nisso, mas também não descarta”, pondera Andreia. Se a empresa pensar em expandir no futuro, será mais uma entre as mais de 30 mil pet shops do Brasil. No Rio Grande do Sul, o setor cresce 20% ao ano, segundo o Sebreae/RS. Somente em 2012, foram abertas 114 novas pets na capital.
A Luxury não é um caso único no setor. Cada vez mais, o mercado pet se segmenta para atender as necessidades dos consumidores. Todo dia surge um novo produto ou serviço para os bichinhos. No Brasil, já se tem mercado de hotelaria canina, carrinhos de bebê para cachorros e fotógrafos exclusivos de animais de estimação. Nos Estados Unidos, existe, por exemplo, serviço especializado em recolher as “sujeiras” que os animais fazem em seus quintais.
Se a economia interna do país ainda derrapa, o mercado pet segue alçando voos cada vez mais altos. Como lembra Kika Menezes, a tendência é que o setor siga crescendo por muito tempo: “ainda tem muitos campos inexplorados nesta área”.

Cada um com seus direitos

Contribuintes desejam seus benefícios e direitos na Previdência Social
Lucas Lagni Cancello
Depois de algum tempo de contribuição, os trabalhadores têm direitos a receber. Os bens e deveres de cada cidadão, hoje, são fatores que interessam principalmente para aposentados e demitidos de uma empresa, mas que, muitas vezes, passam despercebidos. O longo tempo na justiça preenche o pensamento em outras situações. O dinheiro, que tanto interessa, pode não ser fator fundamental na hora da aposentadoria. Diversas leis foram aprovadas de um tempo para cá, e muitas coisas mudaram.
Quando o assunto é aposentadorias, hoje em dia se contribui por tempo de trabalho, sendo o homem por 35 anos e a mulher, por 30. Já o mínimo de idade são 65 anos para eles e 60 para elas. Porém, o fator previdenciário, criado no ano de 1999, inviabiliza algumas situações. Ele faz com que, quanto mais jovem a pessoa se aposentar, menos renda da aposentadoria ela ganhe. Por outro lado, a verba aumenta se o tempo de contribuição do funcionário for maior.
O INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) é descontado do salário do empregado dependendo da faixa salarial. Existem 2 fontes de custeio: a parte paga pelo empregado e a parte que o empregador pagará sobre o que a pessoa ganha, mas que não sai do bolso. Muitas vezes, as dúvidas surgem sobre o dinheiro vindo da empresa, e para isso podemos verificar se o patrão está pagando a Previdência Social em dia. Tem um pequeno “trabalho” até lá. O trabalhador precisa ir até uma agência do INSS com RG, CPF e o número do PIS (Programa de Integração Social) e solicitar o extrato de pagamento do INSS. A partir daí, se tem a certeza sobre o dinheiro certo a ser recebido. A partir do dia 1º de janeiro de 2015, foi divulgado que os contribuintes da Previdência Social que recebem uma quantia acima do salário mínimo terão o benefício reajustado em 6,23%. O índice foi divulgado em portaria conjunta dos ministérios da Previdência Social e da Fazenda. Em 2014, quase 10 milhões de segurados tinham benefícios acima do piso previdenciário. Com o reajuste publicado hoje, 177.270 benefícios que se encontravam na faixa entre R$ 724,00 e R$ 741,79 passarão a ter valor igual ao salário-mínimo.
O advogado previdenciário Rafael Sterzi de Carvalho explica uma regra, conhecida como Regra 85/95, de cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição que foi estabelecida pela Lei 13.183. Agora, o cálculo tem como objetivo levar o número de pontos alcançados somando a idade e o tempo de contribuição do segurado. Tendo o aposentado esta soma, será possível receber o benefício integral, sem aplicar o fator previdenciário. Atualmente, a soma da idade da aposentadoria com o tempo de contribuição é de 85 para as mulheres e 95 para os homens.
E A MINHA DEFESA?
Segundo o INSS, uma vez aposentada, a pessoa perde totalmente os direitos em receber outros auxílios que lhe são garantidos durante o período de contribuição, mesmo trabalhando. Isto porque ela já tem a sua aposentadoria. Ou seja, ela não terá o direito de receber nada além da aposentadoria que já recebe.
É o caso da aposentada Maria Ines Lima, de 57 anos. Ela conquistou a sua aposentadoria pelo fator previdenciário e também não teve direito algum, continuando com os seus trabalhos diariamente em uma loja na zona norte da capital. Maria esperava receber um pouco pelo tempo que ainda está contribuindo, mas ficou surpresa ao saber que não teria seus direitos: “Eu esperava porque já estou aposentada, né?! O fator previdenciário tirou quase metade do meu salário, por isso eu continuo trabalhando. Queria pelo menos ter um benefício futuramente, fiquei um pouco surpresa.” – conclui.
Ainda existem os casos que o funcionário se machuca por acidente. Quando isto acontece, o advogado civil Francisco Vasconcellos Jr, explica que é bem fácil o trabalhador trocar de função se algo ocorrer, por conta da garantia do INSS. Já para o aposentado, as possibilidades são quase nulas. “O INSS te facilita neste caso, porque ele visa também a segurança do aposentado e preserva os demais funcionários.”