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Por qual caminho seguir?

ESPORTE

Assistente busca se reafirmar na arbitragem após afastamento dos campos em 2014

 

Gabriela Giacomini

 

    Uma das ideias mais conhecidas sobre a arbitragem de futebol é que quanto menos ela for comentada, melhor sua atuação. Foi exatamente o contrário que aconteceu com a catarinense Fernanda Colombo Uliana, auxiliar de arbitragem que errou marcações de impedimento em jogos da Copa do Brasil e do Brasileirão de 2014. Atualmente integrando a Federação Pernambucana de Futebol, Fernanda foi protagonista de uma grande polêmica envolvendo futebol e machismo.

   Sua primeira partida de grande porte foi  entre São Paulo e CRB, no estádio do Pacaembu, pela Copa do Brasil. Na ocasião, ela foi criticada pelos são-paulinos por causa de marcações de impedimento que não teriam existido, e ouviu o treinador do tricolor paulista, Muricy Ramalho, dizer que era "muito bonita, mas devia bandeirar melhor”. 

   Após a polêmica, a auxiliar foi escalada para trabalhar no clássico Atlético-MG e Cruzeiro, em maio, pelo Campeonato Brasileiro. E novamente foi mal. O time alvinegro vencia por 2 a 1 quando, aos 41 minutos do segundo tempo, a bandeirinha assinalou impedimento do atacante cruzeirense Alisson, que estava em posição legal e sairia cara a cara com o atleticano Victor. Depois do jogo, o diretor do Cruzeiro, Alexandre Mattos, não poupou nas críticas à assistente, e sugeriu que ela posasse nua para a Playboy. 

  Depois do episódio, circularam matérias comprometedoras na internet e críticas machistas nas redes sociais. Para Carlos Simon, ex-árbitro de futebol e atual comentarista da Fox Sports, a CBF também errou ao relacionar a bandeirinha para a partida. “Não deviam ter escalado ela, pois ainda não tinha muita experiência e era um jogo de grande porte, no Independência, onde a torcida fica a poucos metros dos bandeirinhas. É natural bater o nervosismo, e a pressão acabou influenciando”, avalia Simon, ao ressaltar que os equívocos de Fernanda poderiam ter sido cometidos por qualquer outro profissional, independente da sexualidade.

  Os erros da bandeirinha fizeram com que a CBF decidisse por um afastamento temporário de Fernanda, que acabou impedida de trabalhar em grandes jogos por mais de dois meses e voltou a bandeirar apenas em partidas da Série C e D e em torneios Sub-20 e de futebol feminino.

 

Preconceito em pauta

 

   Aos poucos, porém, Fernanda vem recuperando o espaço perdido nos principais campeonatos do futebol brasileiro. Natural do Distrito do Rio Maina, a criciumense entrou para a arbitragem em 2010. “Sempre gostei muito de futebol e vi na arbitragem uma forma de fazer parte do futebol como mulher, já que na preparação física seria difícil”, justifica. Aspirante do quadro da FIFA, a auxiliar é professora de Educação Física e desde novembro do ano passado faz parte do quadro da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), para onde foi transferida após a grande exposição na mídia.

    Apesar de toda a repercussão originada nos gramados, Fernanda garante que o tempo em que ficou afastada e a troca de federação foi “positiva e de muito aprendizado”, como ela mesma afirma. No entanto, a bandeirinha acredita que ainda existe um grau de discriminação nas quatro linhas quando mulheres atuam na arbitragem. “Os preconceitos no Brasil são mascarados, mas apesar disto, jamais pensei em desistir da minha carreira. Isso seria concordar com o machismo”, enfatiza a assistente.

   Para a assistente de arbitragem Luiza Reis, uma das duas integrantes mulheres da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), ao lado de Andreza Mocelin, Fernanda fez bem em trocar de confederação para sair do foco das críticas e esperar se restabelecer. Mas ao contrário da bandeirinha que foi transferida, Luiza afirma ainda não ter passado por nenhum constrangimento em campo. Isto acabou causando um certo estranhamento para a gaúcha. “Tem sido bem tranquilo, tudo normal. Quando escolhemos a profissão, temos que ter consciência do que estamos sujeitos, mas para mim foi tudo positivo porque eu já esperava o preconceito e ele acabou não acontecendo”, relata Luiza.

 

Perspectivas

 

   Do outro lado, virando o jogo e se reafirmando ainda mais em 2015 no Campeonato Pernambucano, Fernanda esteve em ação em 24 jogos. Mas as conquistas não param por aí: a criciumense também foi eleita a melhor assistente de arbitragem do estadual juntamente com o árbitro Marcelo de Lima Henrique, e o auxiliar Clóvis Amaral, recebendo o troféu Lance Final. A premiação é oferecida aos destaques da competição por meio de votação da imprensa esportiva.

  Além disso, Fernanda também esteve em campo em 2015 em jogos da série B. Por enquanto a bandeirinha está sem previsão de jogos próximos, mas acredita que estará de volta aos gramados no Campeonato Pernambucano de 2016.

Bairro Tricolorado

 

Maicon Hinrichsen

 

       Baseado no modelo adotado pela equipe do Boca Juniors (ARG), a direção do Grêmio lançou o projeto Comunidade Tri, que visa pintar a região em torno da Arena de azul, preto e branco. A proposta visa maior integração do clube com a comunidade local e já conquistou o apoio de torcedores colorados da região.

      Conhecido na Argentina pelo fanatismo de sua torcida, o Boca Juniors é o mais recente exemplo a ser copiado pelo Grêmio. Quem visita o bairro La Loca, em Buenos Aires, se sente como em uma extensão do estádio, impregnada nas casas, calçadas e comércios. Os arredores do estádio argentino foram adotados pela equipe, prática que o tricolor gaúcho tentará implementar em Porto Alegre.

      O projeto Comunidade Tri foi apresentado pelo atual presidente gremista, Romildo Bolzan Jr. e o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, é apresentado aos líderes comunitários como uma solução para tornar o local mais interessante ao comércio e visitação. “Era uma iniciativa do presidente desde sua campanha: ter uma área de responsabilidade social com a comunidade periférica que fica em torno da Arena”, diz um dos idealizadores da proposta, o conselheiro gremista Alexandre Meyer.

     O dinheiro que financiaria a pintura da região viria de parcerias com a iniciativa privada e a prefeitura de Porto Alegre. O intuito é transformar os bairros em cartão postal e pontos turísticos da capital, assim como o estádio Beira-Rio é. “Hoje o ônibus de turismo passa pelo estádio do nosso rival. Queremos que a Arena também esteja inserida nisso. Vemos muitos turistas indo conhecer a Arena, de fora do Estado e de outros países”, completa o conselheiro.    Apesar da ideia, os membros do comitê responsável pela organização do projeto precisarão driblar um rival que não joga no campo, mas da arquibancada. Recheado de torcedores colorados, lideranças comunitárias terão de ajudar o Grêmio a convencer os torcedores do arquirrival espalhados pelos bairros Humaitá, Farrapos e Navegantes, a pintarem suas casas. Segundo Meyer, o clube não pode interferir no desejo ou liberdade das pessoas. “Se as lideranças nos apoiarem, os colorados podem pintar sua casa de branca. Queremos que também se sintam contemplados por um bairro melhor”, finaliza.     Mas, se depender de alguns colorados da região, a ideia tem tudo para sair do papel. A torcedora do Internacional Gilvana Sartori mora onde os mais fanáticos tricolores gostariam: do lado da Arena. Segundo ela, “é bem mais bonito e atrativo uma casa pintada com as cores do Grêmio do que com uma pintura feia ou mal acabada. Já existem vários bares e restaurantes nas imediações pintados de azul, preto e branco. Eu gosto, mesmo sendo colorada”. Ainda que sejam poucos, há torcedores do Inter que gostam e apoiam o projeto, entendendo os benefícios que ele poderá trazer para o bairro. Denise Pinto é daquelas que honra o manto vermelho e vai ao Beira-Rio sempre que o dinheiro permite. Questionada sobre a proposta gremista, ela ri. “Se isso deixar o meu bairro mais bonito, pode pintar a minha casa das três cores se quiser”, afirma.    Já a estudante Tuanny Uglione Maia, que também reside em um dos bairros que sofrerá interferência por parte do projeto, afirma que apoia a causa se “eles realmente ajudarem a melhor a bairro”, mas que se nega a pintar a casa. “Minha casa já é branca, mas se eles vierem pedir pra pintar de azul eu não vou pintar não”, afirma. Sobre a estratégia de atuação do projeto, a jovem acredita que tudo deve ser bem pensado. “A ideia é bacana. Só acho que o plano teria que ser bem elaborado, porque a estrutura do bairro está muito precária”, ressalta. Para ela, é necessário que sejam avaliados primordialmente os problemas de estrutura para, então, o local se tornar atrativo aos turistas. “Segurança em dia de eventos na Arena, todo o calçamento das ruas do bairro, porque quando chove fica quase impossível chegar ou sair do estádio”, aponta.

 

    O colorado Jair Machado de Bezerra mora no bairro Navegantes, um dos locais que também será abrangido pelo projeto gremista. Ele diz que é difícil conviver com a intensa movimentação de torcedores do Grêmio em dias de jogo na Arena. “É gremista pra lá e pra cá, parece que estou no meio da geral. Me dá até alergia ver tanto azul por aqui e eu com a minha camiseta do Inter, meio solitário”, brinca o senhor de 59 anos. Fanático pelo Internacional, Jair sabe que a rivalidade deve se estender para o âmbito social, e apoia o projeto criado pelo Grêmio. “Inter e Grêmio são clubes enormes. É natural que um ou outro tenha atitudes grandes. Essa proposta deles (do Grêmio) é ótima para a nossa comunidade, pois se realmente for feito o que está sendo prometido, finalmente teremos uma vida melhor”, observa. No entanto, Jair é sucinto com relação a um assunto específico. “Podem pintar meio-fio, árvores, até os carros. Mas a minha casa não vai ser azul!”, finaliza rindo.

O horizonte está mais curto

Melhor treinador do Brasil há alguns anos, Tite credencia sua ida à Seleção

 

Marcos Carvalho Jr.

 

    O gaúcho Adenor Bacci, o Tite, vive nos dias presentes a iminência de uma carreira que provavelmente vai longe. E, se não for, é porque se perdeu na poeira do próprio voo. Aqui, no apagar das luzes desse longínquo 2015, é senso comum que ele, faixa no peito com o Timão de Itaquera, fala tranquila nas coletivas e um tonel de pólvora na beira do campo, é o melhor treinador em atividade do país. Não tem Kajuru que duvide: Tite é um sujeito vencedor.

    De 2011 até agora, com o Corinthians, são dois Brasileiros, uma Taça Libertadores, um Mundial de Clubes, uma Recopa e um Paulistão, levando em conta que em 2014 Tite se deu o luxo de não treinar ninguém. Meteu a viola no saco e comprou o mundo. Teve acesso aos bastidores do Real Madrid, do Arsenal e do Boca Juniors. Foi bem recebido. E gostou do que viu. No final desse ano sabático, trouxe na mala compactação defensiva e ofensiva, triangulações e troca de passes, marcação por setor e verticalidade, além de entender melhor como os times chegam à frente, característica que tinha dificuldades em desenvolver até sua última passagem por SP. Professor foi estudar.

    “Às vezes um técnico entra no piloto automático, pulando de clube em clube e não consegue tempo para o que chamamos de “reciclagem”. Tite soube entender seu momento. O ‘ano sabático’ não foi um ano de descanso, foi ano de observações, estudos e, por conseqüência, avanços”, lembra o comentarista de futebol da Rádio Guaíba Carlos Guimarães.

    Tite surpreendeu o grande público quando abdicou da prancheta e recusou bons convites no ano passado. Mas ele não se importou; entende o quão benéfico é sair de cena vez ou outra e deixar saudade. Previu, também, que Luiz Felipe Scolari não seria treinador do Brasil na copa da Rússia. Pensou à frente de seu tempo.

     Depois das consequências altamente traumáticas da Copa sediada em nossas terras (vocês com certeza não esqueceram o porquê, em 2018), era certo, coerente e ortodoxo que o treinador mais preparado assumisse o altíssimo posto do futebol nacional. Três dias depois da eliminação do Brasil para a Alemanha, uma pesquisa Datafolha apontou Tite com absoluta maioria de preferência: 24%. Zico e Muricy Ramalho vinham atrás, um com 19% e outro com 14%. Os jornais davam Tite como novo empregado da CBF e os corintianos já se conformavam.

       Adenor viu crescer às suas mãos, então, um sonho de menino.

      Voltamos a 1973. Neste ano, Luiz Américo, o típico figurão de boné dos programas de auditório da despreocupada TV brasileira, lançava “Camisa 10”, faixa mais popular de um álbum com o mesmo nome. A música teve grande repercussão na época por criticar a Seleção Brasileira de Futebol pós-1970, que depois de se tornar tricampeã no México, atravessava um período de altos e baixos para disputar a Copa da Alemanha de 1974. Por conta disso, tornou-se um grande sucesso.

Tite (ou Ade, como era chamado pela família e os vizinhos), na época um pré-adolescente, sacolevaja o corpo esguio de menino dentro da camisa amarela e verde dois números maior. Saía de casa com a bola embaixo do braço, ofereceu um beijo à mãe. Na cruzada, ouviu o som da tv valvulada:

 

Cuidado, seu Zagallo

O garoto do parque está muito nervoso

E nesse meio campo fica perigoso

Parece que desliza nesse vai não vai

Quando não cai

           

É camisa dez da seleção, laia, laia, laia

Dez é a camisa dele, quem é que vai no lugar dele

 

     Ade não viu malícia, nem metáfora. Mas sentia o peso nas costas de uma nação que acusava o golpe. E sentiu, num suspiro adolescente, que queria ajudar.

    Corta para 2015: Luiz Américo, agora, é dono de uma casa noturna no Guarujá; Zagallo tornou-se um aposentado que ainda tem problemas para dormir graças a uma sensação de não ter sido “digerido” até hoje. E a Seleção, bem, equilibra quase sem forças as outras duas estrelas esmeraldinas que vieram depois dessa história.

    O treinador do Brasil é Dunga. O mesmo que perdeu o Mundial da África nas quartas, cinco anos atrás, e que já caiu da última Copa América com escolhas que ninguém entende. Tite, quase um ano depois, surge outra vez num horizonte que se encurta a cada má exibição transmitida na TV. E com liberação instantânea e sem ônus em caso de convocação, já prevista em contrato. Adenor quer a Seleção.

    “Tite tem inúmeras qualidades. É um estudioso do futebol, viveu intensamente os gramados e os vestiários como jogador, conhece muito os times que treina e os adversários. A principal qualidade dele é saber ‘entrar na mente dos jogadores’”, observa Rafel Colling, apresentador da Rádio Gaúcha.

      Rodrigo Bandarra, da web rádio Galera, vê no trabalho de Tite a teoria do vestiário convertida em prática. “O Tite é um agregador de grupo. Tem a habilidade de extrair o melhor que cada jogador pode oferecer. Ele trabalha o que as empresas chamam de ‘enpowerment’, delegando confiança e credibilidade ao grupo. Além disso, é um treinador que está antenado às últimas tendências do futebol moderno, com movimentos em bloco e passes rápidos. Ganhou porque mereceu”, diz.

     Tite levou um Caxias fadado ao fracasso pela falta de salários em 2000 ao título do Gauchão. Um ano depois, repetiu o feito, agora pelo mesmo Grêmio que havia derrotado e faturou uma Copa do Brasil em cima do Corinthians, que agora deve lhe conduzir à Granja Comary. No mais, o treinador (com mais classificações à Libertadores da história dos pontos corridos) teve passagens importantes por outros clubes e pavimentou sua carreira com confiabilidade e trabalho sério. Extratos que o credenciam a alçar voos maiores.

    “Acho que ele, sobretudo, merece a Seleção, que é lugar para os melhores. Ele é, há uns bons quatro anos, o melhor técnico do Brasil. Com o potencial que ele tem, seu lugar é na Seleção ou (treinando algum clube da) Europa. Mas gostaria de vê-lo na Seleção”, completa Guimarães.

    Nós também. Porque Tite cresce na hora dos desafios. Incorpora o menino Ade e equilibra com a experiência de homem crescido. Forma, assim, o retrato mais completo do que a Seleção precisa: ganhar, com merecimento, mais uma estrela no peito em 2018.

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Edição: Douglas Lacerda, Giovane Gonçalves Santayana, Luiza Fonseca e Karoline Leandro Santos

Projeto Gráfico: Camille Rocha, Julia Lazaretti dos Santos e Lauriane de Castro Belmonte

Supervisão: Almir Penha de Freitas e Juan de Moraes Domingues

Reportagens: Aline da Silva Possaura, Felipe Silva Menezes, Maria Karolina Soares de Souza, Tamiris Alana Candido de Souza, Cassia Marques Martins, Elisa de Souza Pegoraro, Marina Castaldelli Spim, Rafaela Santos de Souza, Anderson Fonseca dos Reis, Laís Maria Escher, Letícia Bay de Almeida, Pedro Henrique Abdala Pinheiro, Lucas Lagni Cancello, Matheus Beling D'Avila, Pedro Zandomeneghi, Viviane Farias Helm, Marcos Antônio Júnior, Maicon Hinrichsen Baptista, Aline da Silva Possaura, André Taquari, Nunes Fagundes, Raquel Baracho de Borges, Ana Paula Silva de Abreu, Carolina Estivalet Zorzetto, Nathalye Lucas Miranda, Gisele de Lourdes Pereira, Isabella Ferreira Pereira, Nathalia Gaieski, Carolline Viana Bernardes, Cristina Fragata dos Santos, Eniederson Farezin Miranda, Sthefanie Floriano Bernardes, Bruna Reis, Gabriela Giacomini Pinto, Nathalia Hamme Pádua, Thiago Silva de Oliveira, Victória Citton

 

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