top of page
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.

Quinta da Estância se prepara para  a primeira colheita de oliva 

RURAL

 

Eniederson Miranda

 

      Localizada em Viamão, a Fazenda Quinta da Estância Grande, uma das principais no estado envolvendo turismo rural e pedagógico, participa do projeto nacional de “Desenvolvimento e adequação de tecnologias à cultura da oliveira no sul do Brasil”. Com 28 espécies em teste, a produção de azeite de oliva extra virgem utiliza as cultivares Koroneike, Arbequina, Picual e Arbosana e Mazanilha:

     “Nós plantamos cinco tipos de oliveira que reproduzirão já no ano que vem. São cultivas especiais que permitirão um produto extra virgem primeira prensa de excepcional buquê ou blend”, explica o diretor da Quinta da Estância, Lucídio Goelzer.

     Todos os azeites de oliva consumidos na fazenda, sejam nas cozinhas ou lancherias, serão substituídos pelo extra virgem produzido no local. Responsável pela pesquisa nacional sobre oliveiras, azeitonas e azeite, a Embrapa, de Pelotas, tem 36 centros de estudos no Brasil. Um deles é localizado na Quinta da Estância, no qual tem apresentado grandes resultados:

   “Vamos continuar nos dedicando a esta pesquisa, que poderá trazer uma nova possibilidade de desenvolvimento para nosso Estado”, afirmou Lucídio.

     Estão plantadas 29 cultivares de oliveiras e 1200 plantas no solo do local.  Devido ao grande período de chuvas, granizo e ventos no Rio Grande do Sul, a Quinta da Estância começará a colheita a partir da próxima safra. E a notícia não é nada boa, como relata Goelzer:

    “Com o tempo que nós tivemos de chuvas absolutas, molhou o pólen e a maioria das gemas florais não foram polenizadas. Mesmo assim, foi muito desparelho. Então, como nem todas saíram e não teve material suficiente, a produção será péssima no Rio Grande do Sul este ano. Somado a isso, não tivemos inverno”.

      Cada variedade do produto tem um período específico de vida para começar a produção. Normalmente, são de três a cinco anos, sendo que algumas delas chegam a dez anos. A oliveira é considerada pronta para a produção a partir do mês de setembro.

      Em 2015, o panorama está sendo completamente diferente, em função do clima absolutamente anormal e por não ter havido um inverno rigoroso, o que auxiliou a produção. Necessitando 25 dias com a temperatura ao redor dos 10°C para entrar em dormência, a oliveira tem a possibilidade de produzir a gema floral após o período. Depois desta etapa, ela gera a flora e poliniza com a formação do fruto, entre os meses de novembro e dezembro. No Brasil, a colheita é feita precocemente entre fevereiro e maio.

     Segundo o diretor de Relacionamento com o Mercado da Quinta da Estância Rafael Golzer, o cultivo é uma excelente opção de renda para os produtores rurais:

     “Ele possui uma produção de longo prazo, já que existem oliveiras com centenas de anos. Esta agregação de renda faz com que o produtor diversifique sua receita. No nosso caso, diversificaremos na parte do turismo e ainda podemos agregar com um azeite de oliva próprio e extra virgem, com mais qualidade na alimentação de nossos visitantes.”

     A rentabilidade da oliva no Brasil é superior aos demais países. O azeite permite uma rentabilidade de 10 mil dólares por hectare para os produtores. Na Quinta da Estância, estão plantados oito hectares de oliveiras.

    O azeite distribuído nacionalmente é adulterado. A mistura chega a ser 88% de outros produtos. A Embrapa adquiriu, no último ano, um equipamento de última geração para análise de azeite e, junto com o Inmetro, está definindo parâmetros para gerenciar a qualidade do produto oferecido para a população nos mercados. Com isso, as indústrias que estiverem vendendo o produto como azeite de oliva puro deverá corrigir o rótulo.

    O país não faz parte do COI (Comissão Olivicula Internacional), que trabalha em conjunto com a ONU e regula o comércio e a qualidade dos azeites. O azeite extra virgem na Europa é considerado após 48 horas da colheita. Já no Brasil, ele precisa de duas virtudes: a picância  e o retrogosto, que é exclusivo do azeite de oliva puro, sem nenhum tipo de mistura. Na análise realizada em território brasileiro, de 36 marcas, apenas 1 passou no teste. E ela é gaúcha: a Olivas do Sul, de Cachoeira do Sul. A segunda  melhor colocada é a Carrefour, devido ao fato de  a empresa importar o produto da Europa.

   A fazenda também está desenvolvendo, entre inúmeros projetos, uma criação consorciada de gado e ovelhas na mesma região das oliveiras como experimentação. São quatro hectares de área. A experiência servirá como aula para os alunos que visitarem a Fazenda.

Foto: Eniederson Miranda
Foto: Eniederson Miranda
Foto: Eniederson Miranda
Foto: Eniederson Miranda

Chuvas alteram paisagem e perspectivas nas regiões tabagistas

Produção de tabaco deve diminuir 25% em função dos temporais que atingiram o estado

 

Cristina Fragata

 

   A primavera no Rio Grande do Sul começou acumulando prejuízos para os produtores de tabaco. Desde o início dos grandes volumes, agricultores enfrentam dificuldades para lidar com os ventos fortes, o granizo e o excesso de umidade nas lavouras. Do centro ao norte do estado, plantações inteiras de fumo foram devastadas pelas pedras de gelo. Segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), apenas no mês de outubro, a produção de cerca de 20 mil propriedades foi comprometida pelas tempestades.

   As folhas murchas e quebradas não eram o que Teresa dos Santos tinha em mente quando iniciou o plantio em sua propriedade. A agricultora de 46 anos, que cultiva fumo desde 1999, não vê mais vantagem na cultura. “Os últimos anos têm sido muito duros e o tempo não tem ajudado. Ano que vem, quero substituir o fumo por milho”, desabafa.

  Passado o período mais intenso de temporais, a preocupação é com o que sobrou da lavoura. Além de Teresa, outros produtores de Fontoura Xavier, no noroeste rio-grandense, temem que o retorno das chuvas lave o solo, levando o que sobrou das plantações. “Mesmo que não sejam tão fortes quanto as de antes, pelo tipo de terreno, podemos perder o que sobrou até dezembro”, explica Dorvalino Vieira, que também é fumicultor. Na região, o relevo predominantemente íngrime facilita a formação de valetas. Mesmo com a diminuição do volume total de água, a intensidade esporádica de precipitação pode acabar com o pouco que sobrou das plantações.

   As consequências financeiras devem se concretizar em dívidas para março de 2016, quando a colheita deve ser finalizada. Os dados da Afubra indicam que 14 mil plantações foram atingidas até o final do mês de outubro, um recorde nos últimos 40 anos, segundo a entidade. Comparados aos da safra anterior, os números representam 192%  a mais de prejuízo. Os maiores estragos foram registrados na depressão central do estado, representado por cidades como Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Cachoeira do Sul.

 

Rigidez na classificação do fumo diminui o retorno para produtores

 

   Além das difíceis condições de produção, os fumicultores enfrentam as fortes exigências do mercado sobre a qualidade do produto. Com oferta maior que a demanda, a indústria restringe a compra à Instrução Normativa nº 10, que estabelece uma classificação para a comercialização do tabaco no mercado interno. Segundo a Afubra, o valor repassado aos agricultores deve sofrer uma queda de até 30%.

  Apesar de responsáveis por cerca de 10% do tabaco mundial, os produtores gaúchos também devem ser afetados pela concorrência do mercado internacional. Junto com os Estados Unidos e Zimbabwe, o Brasil compõe o trio que oferece o tabaco de melhor qualidade no mundo. Na África, um trabalhador recebe dez vezes menos do que nas lavouras brasileiras, deixando o preço do tabaco africano muito competitivo. O fumo norte-americano, por outro lado, conta com alto investimento do governo, revertido em volume de produção. A concorrência desleal com estes países faz com que a competitividade da safra de 2015 seja ainda mais baixa, tornando este ano difícil para os produtores do Rio Grande do Sul.

 

Cuidados com a saúde

 

   Segundo a Emater, os períodos de chuva e a umidade também devem ser motivo de alerta para os fumicultores por questões de saúde. Para quem trabalha na lavoura, a doença da folha verde do tabaco é um risco, que pode ser evitado com o uso de luvas, chapéus, calças e botas. "O agricultor deve trabalhar na lavoura em dias secos e se não for possível, proteger a pele do contato com as plantas", alerta Jair dos Santos, técnico da Emater.

   Caso não seja possível adiar o trabalho para dias mais secos, os produtores podem utilizar roupas especiais, desenvolvidas especialmente para o manuseio do produto nestas condições. A vestimenta leve e impermeável foi desenvolvida por especialistas em segurança no trabalho e pode ser encontrada nas cooperativas de produtores de tabaco em todo o Rio Grande do Sul.

  Neste período, o contato das folhas úmidas com a pele deve ser evitado, assim como a exposição nas primeiras e nas últimas horas do dia, quando há presença de orvalho. A doença é resultado da absorção de nicotina, substância presente no fumo, pela pele, causando dores de cabeça, vertigem, náusea, fraqueza e cólica abdominal. Se ocorrer o surgimento dos sintomas, o produtor deve interromper as atividades junto à lavoura, lavar bem a pele, mantendo-se hidratado e em repouso. Se os sintomas persistirem, é indispensável buscar atendimento médico.

  O diagnóstico é realizado por profissionais da área da saúde, com base no histórico do trabalhador sobre a exposição ao cultivo do tabaco. Por meio de um simples exame de urina, os níveis de contitina, marcador que denuncia a quantidade de nicotina absorvida pela organismo. Se o trabalhador for exposto de forma aguda e contínua, pode desenvolver doenças pulmonares, problemas cardiovasculares e abortos, no caso das mulheres.

Quinta da Estância se prepara para  a primeira colheita de oliva 

   

Sthefanie Bernardes

 

     A proposta do programa Juntos para Competir, parceria da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul  (Farsul),  do  Serviço Nacional da Aprendizagem Rural (SENAR-RS) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/RS), chamou a atenção de quem passou pela 38ª edição da Expointer, entre agosto e setembro deste ano. É uma estufa sustentável de alta tecnologia que permite o recolhimento e bombeamento da água da chuva através de um sistema alimentado por energia solar. O projeto traz a possibilidade de distribuir para cada planta, no momento adequado, a quantidade de água necessária. Com isso, o produtor pode controlar o clima da produção.

     A estufa funciona da seguinte maneira: um tanque capta a água da chuva e através de um sistema de gotejamento autocompensante é possível irrigar a plantação. Quando o líquido captado entra em contato com a mangueira, há necessidade de pressurização igual em todos os pontos. Ou seja, no momento em que começar a sair água na primeira estaca, a mesma quantidade sairá na última. Há, assim, uniformidade na dose e na aplicação de nutrientes. Sthefanie Bernardes

Levando em consideração a proteção de todo o produto cultivado e os equipamentos e automação para irrigação, uma estufa sustentável, de 300 metros quadrados, custa em torno de 30 mil reais. A produção é toda em substrato ou hidropônica, sendo assim, as frutas e verduras nunca entram em contato com o solo. Três opções de cultivo protegido estão disponíveis: sistema hidropônico sem solo (folhosas), sistema semi-hidropônico (morangos em substrato) e cultivo de tomates em vasos.

   No caso do morango, a escolha pela suspensão se dá em função da produtividade e da mão de obra. Em uma estufa normal, de mil metros quadrados, é preciso três pessoas para trabalhar com 12 mil pés da fruta. Já em uma sustentável, que tem o mesmo tamanho, uma pessoa consegue suprir toda a demanda. Além disso, há também razões ambientais. Cascas de arroz carbonizadas e cinzas são usadas na mistura, o que leva a um substrato livre de fungos, bactérias e pragas em geral. 

  O engenheiro agrônomo e produtor beneficiário do Juntos para Competir Paulo Rosa, de Porto Alegre, diz que nenhuma das frutas e verduras recebe aplicações químicas “devido à assepsia na produção e por terem uma dieta calculada, calibrada e medida todos os dias pela manhã”.

  Todos os dias é feita a extração da solução saturada do solo. Após, PH, condutividade elétrica e fertilizante são avaliados. Através de um aplicativo de celular, o produtor acessa o site do fornecedor do sistema de automação e passa as informações coletadas. Assim tem-se uma nutrição correta e ajustada, com água em quantidade necessária. “Basta que o produtor faça esse processo passando as informações de estufa em estufa que o programador aplica as doses corretas”, diz Rosa. 

  De acordo com o produtor rural e engenheiro agrônomo José Sérgio Muller, é possível reduzir drasticamente o número de defensivos quando a planta está equilibrada. “Dificilmente teremos um ataque de fungos ou bactérias em plantas extremamente saudáveis e é por isso que a quantidade correta de água e salinização é de extrema importância”, conclui. Com proposta sustentável, alinhada ao cultivo protegido, a Estufa Conceito tem mostrado aos produtores rurais que é possível colocar em prática um sistema correto de plantio.

  O programa Juntos para Competir é uma parceria da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul  (Farsul),  do  Serviço Nacional da Aprendizagem Rural (SENAR-RS) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/RS). Tem como objetivo organizar as cadeias produtivas no RS, desde o começo até a industrialização e comercialização. São 26 projetos diferentes no Estado, que atendem 3 mil produtores, organizados em 150 grupos, com inúmeras finalidades. Os técnicos vão até o local entender as demandas e, através de um corpo de consultores, traçam soluções e planos de trabalho em conjunto com os produtores. Os projetos têm duração de três anos e não há custos para o produtor. Os recursos são fornecidos por instituições parceiras.

Foto: Sthefanie Bernardes
Foto: Sthefanie Bernardes
Foto: Sthefanie Bernardes
Foto: Sthefanie Bernardes

© 2015 POR RS EM FOCO. CRIADO COM WIX

 

Pontifícia Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS - Av. Ipiranga, 6681 Partenon Porto Alegre/RS  CEP: 90619-900   Fone: (51)3320.3500 Prédio 7 - FAMECOS

 

 

EXPEDIENTE

 

Edição: Douglas Lacerda, Giovane Gonçalves Santayana, Luiza Fonseca e Karoline Leandro Santos

Projeto Gráfico: Camille Rocha, Julia Lazaretti dos Santos e Lauriane de Castro Belmonte

Supervisão: Almir Penha de Freitas e Juan de Moraes Domingues

Reportagens: Aline da Silva Possaura, Felipe Silva Menezes, Maria Karolina Soares de Souza, Tamiris Alana Candido de Souza, Cassia Marques Martins, Elisa de Souza Pegoraro, Marina Castaldelli Spim, Rafaela Santos de Souza, Anderson Fonseca dos Reis, Laís Maria Escher, Letícia Bay de Almeida, Pedro Henrique Abdala Pinheiro, Lucas Lagni Cancello, Matheus Beling D'Avila, Pedro Zandomeneghi, Viviane Farias Helm, Marcos Antônio Júnior, Maicon Hinrichsen Baptista, Aline da Silva Possaura, André Taquari, Nunes Fagundes, Raquel Baracho de Borges, Ana Paula Silva de Abreu, Carolina Estivalet Zorzetto, Nathalye Lucas Miranda, Gisele de Lourdes Pereira, Isabella Ferreira Pereira, Nathalia Gaieski, Carolline Viana Bernardes, Cristina Fragata dos Santos, Eniederson Farezin Miranda, Sthefanie Floriano Bernardes, Bruna Reis, Gabriela Giacomini Pinto, Nathalia Hamme Pádua, Thiago Silva de Oliveira, Victória Citton

 

bottom of page