Quinta da Estância se prepara para a primeira colheita de oliva
- Eniederson Miranda
- 25 de dez. de 2015
- 3 min de leitura

Localizada em Viamão, a Fazenda Quinta da Estância Grande, uma das principais no estado envolvendo turismo rural e pedagógico, participa do projeto nacional de “Desenvolvimento e adequação de tecnologias à cultura da oliveira no sul do Brasil”. Com 28 espécies em teste, a produção de azeite de oliva extra virgem utiliza as cultivares Koroneike, Arbequina, Picual e Arbosana e Mazanilha:
“Nós plantamos cinco tipos de oliveira que reproduzirão já no ano que vem. São cultivas especiais que permitirão um produto extra virgem primeira prensa de excepcional buquê ou blend”, explica o diretor da Quinta da Estância, Lucídio Goelzer.
Todos os azeites de oliva consumidos na fazenda, sejam nas cozinhas ou lancherias, serão substituídos pelo extra virgem produzido no local. Responsável pela pesquisa nacional sobre oliveiras, azeitonas e azeite, a Embrapa, de Pelotas, tem 36 centros de estudos no Brasil. Um deles é localizado na Quinta da Estância, no qual tem apresentado grandes resultados:
“Vamos continuar nos dedicando a esta pesquisa, que poderá trazer uma nova possibilidade de desenvolvimento para nosso Estado”, afirmou Lucídio.
Estão plantadas 29 cultivares de oliveiras e 1200 plantas no solo do local. Devido ao grande período de chuvas, granizo e ventos no Rio Grande do Sul, a Quinta da Estância começará a colheita a partir da próxima safra. E a notícia não é nada boa, como relata Goelzer:
“Com o tempo que nós tivemos de chuvas absolutas, molhou o pólen e a maioria das gemas florais não foram polenizadas. Mesmo assim, foi muito desparelho. Então, como nem todas saíram e não teve material suficiente, a produção será péssima no Rio Grande do Sul este ano. Somado a isso, não tivemos inverno”.
Cada variedade do produto tem um período específico de vida para começar a produção. Normalmente, são de três a cinco anos, sendo que algumas delas chegam a dez anos. A oliveira é considerada pronta para a produção a partir do mês de setembro.
Em 2015, o panorama está sendo completamente diferente, em função do clima absolutamente anormal e por não ter havido um inverno rigoroso, o que auxiliou a produção. Necessitando 25 dias com a temperatura ao redor dos 10°C para entrar em dormência, a oliveira tem a possibilidade de produzir a gema floral após o período. Depois desta etapa, ela gera a flora e poliniza com a formação do fruto, entre os meses de novembro e dezembro. No Brasil, a colheita é feita precocemente entre fevereiro e maio.
Segundo o diretor de Relacionamento com o Mercado da Quinta da Estância Rafael Golzer, o cultivo é uma excelente opção de renda para os produtores rurais:
“Ele possui uma produção de longo prazo, já que existem oliveiras com centenas de anos. Esta agregação de renda faz com que o produtor diversifique sua receita. No nosso caso, diversificaremos na parte do turismo e ainda podemos agregar com um azeite de oliva próprio e extra virgem, com mais qualidade na alimentação de nossos visitantes.”
A rentabilidade da oliva no Brasil é superior aos demais países. O azeite permite uma rentabilidade de 10 mil dólares por hectare para os produtores. Na Quinta da Estância, estão plantados oito hectares de oliveiras.
O azeite distribuído nacionalmente é adulterado. A mistura chega a ser 88% de outros produtos. A Embrapa adquiriu, no último ano, um equipamento de última geração para análise de azeite e, junto com o Inmetro, está definindo parâmetros para gerenciar a qualidade do produto oferecido para a população nos mercados. Com isso, as indústrias que estiverem vendendo o produto como azeite de oliva puro deverá corrigir o rótulo.
O país não faz parte do COI (Comissão Olivicula Internacional), que trabalha em conjunto com a ONU e regula o comércio e a qualidade dos azeites. O azeite extra virgem na Europa é considerado após 48 horas da colheita. Já no Brasil, ele precisa de duas virtudes: a picância e o retrogosto, que é exclusivo do azeite de oliva puro, sem nenhum tipo de mistura. Na análise realizada em território brasileiro, de 36 marcas, apenas 1 passou no teste. E ela é gaúcha: a Olivas do Sul, de Cachoeira do Sul. A segunda melhor colocada é a Carrefour, devido ao fato de a empresa importar o produto da Europa.
A fazenda também está desenvolvendo, entre inúmeros projetos, uma criação consorciada de gado e ovelhas na mesma região das oliveiras como experimentação. São quatro hectares de área. A experiência servirá como aula para os alunos que visitarem a Fazenda.
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